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Incerteza econômica da crise promove variações fortes e inibe percepção futura!

O anseio por dias melhores faz com que qualquer dado positivo seja maximizado em sua realidade, assim o CAGED ao apontar perda de tão somente 10.984 vagas formais de emprego é visto como uma reação bastante positiva do mercado do trabalho, sem considerar que pode estar havendo uma acomodação temporária, o que não deixa de fazer já surpreendente o total de demissões, visto que estão vigentes programas de governo ancorando reduções de jornadas de trabalho, provimento de renda a sociedade mais carente, e uma relativa contenção de decisões patronais pela expectativa de como irá se desenvolver a economia após cessarem todas estas alterações havidas nas relações trabalhistas.

Este hiato no campo trabalhista pode inibir, aliás, como de uma forma geral, a percepção mais arguta de como ficará efetivamente a economia no médio e longo prazo.

É fundamental que prevaleça o otimismo, mas configurado no caso como esperança, de que as coisas aconteçam positivamente, mas efetivamente é muito difícil antever-se o futuro imediato.

Afinal, nem bem sabemos se “ainda” estamos dentro da fase ascendente da crise do coronavírus que torna insegura a retomada das atividades econômicas, ou se já estamos fazendo uma ponte para uma segunda rodada da pandemia, tendo em vista que os números de infectados e mortes continuam evoluindo, porém de forma mais horizontal no território nacional.

Afinal, o Brasil não é o clima emanado da Bovespa e nem do preço do dólar, propagados pela mídia cotidianamente, quando se foca a segurança sobre a superação dos efeitos danosos da crise da pandemia do coronavírus, há muita coisa ancorando a atividade precária atual e o emprego e que não poderão ser duradouros por envolver custos que o patronato e o governo não tem condições de dar suporte.

Como num show chama mais atenção o aplauso e a vaia é desconsiderada, quando na realidade é a manifestação mais verdadeira, então ter precaução com a perspectiva de forma mais cética é imperativo, mesmo quando se anseie o melhor como objetivo final.

Há por parte do governo a expectativa de que existe na economia demanda reprimida e que será o caminho para a retomada, mas, a rigor, sabidamente a população não deve sair deste quadro com reservas financeiras para forte consumo e o crédito para a classe média, por mais que o governo propague o discurso, não flui porque o sistema de crédito foca com maior rigor o risco e contrai a concessão.

A despeito dos números apontados pelo CAGED não há convicção de que os números do desemprego não se façam maiores em perspectiva, visto que o legado da crise será de demanda menor de mão de obra e salários provavelmente achatados, além de novas práticas como o “home office”, que parece que veio para ficar em boa parte da atividade de serviços, em especial e um rigor maior dos custos por parte das empresas.

A inércia da atividade econômica proporciona ao país reduzir o déficit em transações correntes melhorando-o em relação ao PIB, porém embora confirme a repetência dos superávits pode não ser tão alvissareiro quanto projetado pelo governo, como vimos pelos dados divulgados ontem.

Na questão cambial não há preocupações para o país, temos reservas e um ambiente tranquilo entre demanda e oferta, com o BC limitando-se a prover profilaticamente das demandas de rotina, e a formação do preço estar muito mais aderente ao comportamento da moeda americana no mercado global com baixa influência interna, a não ser a impertinente volatilidade provavelmente estimulada pelo “juro baixo”, algo também muito novo no país e que fomenta especulação com contratos de baixo valor no mercado futuro de dólar focando ganhos rápidos.

O nó da questão maior brasileira está no “fiscal” que já está em nível problemático e ainda sobre pressão para que o teto orçamentário seja rompido.

No nosso modo de entender é fundamental “dar-se tempo ao tempo”, com a visão de que o que ocorre é meramente fato de curto prazo e de que não há ainda como fundamentar projeções de médio e longo prazo para o Brasil. As incertezas ainda são grandiosas.

Não há sequer otimismo em relação à tão aguardada Reforma Tributária tão necessária para a economia brasileira, pois a amostragem apresentada pelo Governo Federal foi decepcionante e muito limitada e com o velho ranço de elevar tributos, e a expectativa é de que se somando às propostas outras já em poder do Congresso resultem em algo melhor, mas é bastante provável que não será fácil o Governo conseguir “tirar sangue de pedra” com velhas práticas e propostas que se esperavam bem melhores e mais completas.

Na realidade não há tendências consistentes, nem para a Bovespa e nem para o dólar, a despeito de parâmetros críveis de intervalo de flutuação, mas a formação dos preços está no “random walk”, o preço de hoje será o de ontem com os fatos novos de hoje, e no dólar muito alinhado com o comportamento da moeda americana no mercado global e baixa influência interna.


Sidnei Moura Nehme
Economista e Diretor Executivo da NGO


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